O Sol é Para Todos, Harper Lee
Título Original: To Kill a Mockingbird (1960)
Tradução: Fernando de Castro Ferro (1963)
Ed. Civilização Brasileira
Típica leitura de férias (para mim), o livro conta a história de Atticus Finch, um advogado do Alabama que defende um negro acusado de violentar uma jovem branca. A história é contada do ponto de vista dos filhos deste advogado de província, o que confere um tom bastante leve à narrativa. A autora retrata de forma bastante delicada e sutil o contexto das relações raciais no sul dos EUA na primeira metade do século XX. A influência deste contexto sobre os filhos de Finch e seu indefectível amigo de férias são mostrados com enorme sensibilidade. É difícil não reconhecer em algumas passagens um pouco da infância de todos nós.
Viúvo, com dois filhos relativamente pequenos, Atticus Finch passa muitas vezes a imagem do pai idealizado nas décadas de 1960-70. Contudo, tanto o personagem, como a trama realista, parecem bastante verossímeis. Isto constrói uma narrativa agradável e, de alguma forma, otimista. Há uma sugestão, presente ao longo do livro todo, de que mesmo nas sociedades e situações onde a intolerância reina absoluta, há pessoas que lutam silenciosamente pela igualdade, através da não-violência, apenas não se rendendo aos valores com os quais não concordam.
O livro foi publicado em 1960, não por acaso cinco anos após o boicote aos ônibus liderado pelo reverendo Martin Luther King Jr. Em 1963, King lideraria a histórica marcha a Washington DC, quando proferiu seu famoso discurso “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”)*. Não é demais lembrar que King foi o mentor do uso da resistência pacífica e da não violência na luta pelos direitos civis nos EUA.
A tradução que li é de 1963. Em alguns pontos, a construção das frases e as expressões utilizadas deixam a impressão de uma tradução Lusitana, ou de adaptação desta. Mas, apesar de causar alguma estranheza em alguns pontos, a leitura flui naturalmente. O filme de 1962, baseado no livro, ganhou três Óscares: melhor direção, melhor roteiro e melhor ator, com Gregory Peck no papel de Atticus Finch.
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* O texto original do discurso (em inglês) pode ser encontrado facilmente na Internet (por exemplo, aqui, com uma breve introdução histórica). Uma versão em português pode ser lida aqui.
Um comentário:
nada melhor do que leitura de férias.... pés esticados no sofá, a janela aberta, um refresco.... e leitura! Parabéns pelos pendores de critica literária. O contexto da obra ajuda ao potencial leitor a perceber a relevancia da narrativa!
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