Os otimistas acham que Temer vai usar a máquina do Estado nas eleições de 2018 e que, mesmo que consigam tornar Lula inelegível, haverá alguém de esquerda (ou, no mínimo, de viés popular, como Ciro Gomes) que poderá concorrer com algum apoio e talvez alguma chance mas que não vai se eleger devido ao clima de terror criado com a repressão aos protestos pós-golpe. Eu gostaria muito de ser otimista.
Os realistas vêem a possibilidade de resistência ao governo espúrio (embora legalmente constituído) do Temer. A expectativa é de que os movimentos sociais vão se insuflar. Daí, em nome da "segurança nacional", o congresso mais conservador e mais sujo da nossa história recente aprova mecanismos de forte repressão. Claro, deixam-se válvulas de escape, porque é bom manter inimigos ativos, para poder dizer que a ameaça continua. Cria-se, assim, um clima de terror e a direita coxinha ganha as eleições de 2018.
Os pessimistas acham que, em "nome da democracia" e para evitar o "terrorismo", a repressão vai culminar com o cancelamento das eleições de 2018.
Tudo pode acontecer, claro, inclusive... nada. Mas independente do grau de otimismo de cada um, estamos diante de uma encruzilhada improvável entre 1954, 1964 e 1984.
Uma olhada rápida na nova lei "antiterrorismo", aprovada há alguns meses pode ser interessante, neste momento. Em nome do "antiterrorismo" e da suposta "segurança nacional" vale fazer qualquer forma de terrorismo de estado. Pode-se esperar algo muito parecido com um Estado de Exceção. Permanente, aliás, o que deveria gerar um paradoxo, mas não há paradoxos na nossa lógica política do "tudo pode quem ameaça, bate e prende". É como golpistas e elites costumam governar, especialmente quando há líderes com apoio popular que golpistas e elites não entendem, desconhecem e, naturalmente, temem.
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